“Lula sai fortalecido dos ataques em Brasília”, diz cientista política de Melbourne

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Presidente Lula discursa durante encontro com governadores no Palácio do Planalto após ataques. (Photo by MAURO PIMENTEL / AFP) (Photo by MAURO PIMENTEL/AFP via Getty Images) Source: AFP / MAURO PIMENTEL/AFP via Getty Images

Segundo a doutora em ciência política e pesquisadora da Universidade Católica Australiana (ACU), Kathryn Baragwanath, os atentados em Brasília do dia 8 de janeiro estimularam a união entre os governos de estado e silenciaram os opositores da política de Lula. Nesta entrevista, ela fala ainda sobre os financiadores do movimento golpista e os impactos na democracia brasileira.


A SBS em Português conversou com a cientista política da Universidade Católica Australiana (ACU), Kathryn Baragwanath, sobre os atentados que ocorreram em Brasília do dia 8 de janeiro.
Segundo ela, a retórica dos bolsonaristas infiltrados é fortamente alimentada pelos discursos de Bolsonaro nas redes sociais.
Kathryn Baragwanath
Kathryn Baragwanath, doutora em ciência política e pesquisadora na Universidade Católica Australiana (ACU).
“A retórica bolsonarista é de ataque à legitimidade da eleição e de apoio ao golpismo. Basicamente, eles estão chamando uma intervenção militar, porque eles acreditam que a eleição de Lula é ilegítima. Esse discurso é fomentato pelo discurso de Bolsonaro sobre as falhas do sistema eleitoral brasileiro nas redes sociais”.
Segundo Kathryn, esse movimento de divulgar apenas um ponto de vista nas redes sociais é conhecido como “echo chambers” (ou “câmaras de eco”), onde as pessoas só encontram informações ou opiniões que refletem ou reforçam seu próprio ponto de vista, criando um senso de “realidade paralela”.

Katryhn também comentou sobre responsáveis por financiar os atentados em Brasília. A maior parte deles são empresários do agronegócio e caçadores, atiradores e colecionadores, os chamados CACs. 

“A lista é composta por 55 pessoas físicas e 7 empresas. A maior parte das pessoas físicas estão registradas em São Paulo, enquanto a maior parte das empresas apontadas estão no Paraná. Das pessoas que aperecem nessa lista, seis delas também aparecem como doadores da campanha de Bolsonaro e quatro delas também receberam dinheiro das campanhas de aliados de Bolsonaro. Então, tem aí uma ligação política.”

Kathryn acredita que os ataques tiveram um efeito contrário do que pretendiam os bolsonaristas, fortalecendo o atual governo de Lula.

“Eu acho que o Lula sai fortalecido dos ataques. A gente viu na reunião dele com os governadores e o STF, que, por enquanto, está um ambiente de união. Também acho que seus opositores estão sendo menos vocais contra as políticas do Lula e do governo em geral, porque ninguém agora quer ser avaliado como parte desses atos que ocorreram em Brasília. Por enquanto, tem uma sensação de unidade pela democracia”.

Ouça a entrevista completa cliclando no botão “play”que abre a reportagem ou no feed da SBS Portuguese da sua plataforma de podcasts favorita (como Spotify, Apple Play e Google Podcasts, entre outros).

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