Destaques da notícia
- Um relatório de consulta ao governo destacou a contínua segregação de gênero na força de trabalho da Austrália.
- As mulheres continuam a dominar nas áreas de creche e enfermagem, bem como na recepção e funções de escritório em geral.
- O relatório, divulgado nesta terça-feira, pediu ao governo que aborde a questão para melhorar a produtividade no trabalho.
A segregação de gênero nas profissões críticas da Austrália continua a persistir, com um novo relatório constatando que existem "barreiras culturais enraizadas" nos locais de trabalho que devem ser abordadas.
Em uma apresentação ao Livro Branco de Emprego do governo federal, o Comitê para o Desenvolvimento Econômico da Austrália (CEDA) descobriu que mais mulheres se juntaram à força de trabalho nas últimas décadas - mas não estão empregadas em indústrias dominadas por homens.
O relatório citou dados de 2022 do Departamento Australiano de Estatísticas mostrando que a participação feminina no local de trabalho aumentou 41% desde 1980, mas ainda há uma baixa proporção de mulheres em setores como construção e mineração, bem como ciência, tecnologia, engenharia e matemática. Por outro lado, há uma baixa proporção de homens em setores dominados por homens, como saúde e educação.
A chefe-executiva da CEDA, Melinda Cilento, disse que a segregação de gênero limita a mobilidade no trabalho, a flexibilidade do mercado de trabalho e a produtividade.
“Embora muitos fatores sociais, históricos e econômicos tenham impulsionado essa segregação, muitas das barreiras remanescentes à mudança são culturais – seja no governo, no local de trabalho ou a nível individual”, disse Cilento.
Devemos enfrentar essas barreiras culturais enraizadas onde quer que existam.Melinda Cilento, chefe-executiva da CEDA.
A consulta do Livro Branco, encerrada em novembro do ano passado, foi emitida pelo Tesouro australiano. O governo federal diz que o Livro Branco visa aproveitar os resultados da Cúpula de Empregos e Habilidades, realizada em setembro passado. O Livro Branco tem como foco o emprego pleno e o crescimento da produtividade e a participação e igualdade econômica das mulheres.
Quais ocupações estão ficando mais segregadas a favor das mulheres?
Creches, recepcionistas e enfermeiras registradas estão entre algumas das principais ocupações que se tornaram ainda mais dominadas por mulheres em 2021-22, em comparação com 1986-87.
Enquanto isso, menos mulheres nas últimas três décadas foram empregadas em áreas dominadas por homens como programadoras de software, gerentes de construção, eletricistas, carpinteiras e marceneiras.
Mas a empregabilidade feminina aumentou ligeiramente no ramo de caminhões, de 2,9% em 1986-87 para 4% em 2021-22.

O emprego feminino em ocupações dominadas por mulheres aumentou, enquanto diminuiu entre as ocupações dominadas por homens. Source: SBS
Pessoas de qualquer gênero devem poder fazer o trabalho para o qual são mais adequadas e mais interessadas.Melinda Cilento, chefe-executiva da CEDA.
Outra questão era a 'pena da maternidade'. O relatório constatou que, nos primeiros cinco anos como pais do primeiro filho, os ganhos das mulheres são reduzidos em média em 55%, enquanto os ganhos dos homens não são afetados. A licença parental remunerada era desigual, com 99,5 por cento da licença parental acessada pelas mães.
O relatório também constatou que a imigração qualificada contribuiu para a segregação de gênero, devido a um maior número de solicitantes de visto. Por outro lado, as mulheres representam 57% das solicitações secundárias de vistos de seus parceiros em 2021-22.
As habilidades ou ocupações dos candidatos secundários não são avaliadas, colocando os homens em uma posição mais provável para aumentar a participação dos funcionários em áreas dominadas por homens.
“No atual mercado de trabalho competitivo, a mão-de-obra segregada por gênero contribue para a escassez de mão-de-obra em geral em ocupações críticas, como construção, cuidado de idosos e assistência médica”, disse Cilento.
O relatório recomenda o fortalecimento de políticas voltadas para a família, inclusive tornando a licença parental remunerada mais igualitária entre os gêneros, abordando as diferenças salariais entre gêneros e mais oportuinidades de qualificação para mulheres nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática.
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