Pontos-chave
- A crise do custo de vida está a forçar muitos australianos a cancelar ou adiar os seus planos de férias.
- Cerca de um quarto dos australianos que planeavam viajar cancelaram as suas viagens completamente.
- Mais de dois em cada cinco adiaram as suas férias para economizar dinheiro.
De acordo com um estudo recente, milhões de australianos estão a ver-se obrigados a reavaliar os seus planos de férias devido ao aumento do custo de vida e, por consequência, aos preços de viagens inflacionados.
Quase dois em cada três (65%) australianos com intenções de gozar umas férias nos próximos 12 meses tiveram que cancelar ou adiar os seus planos e marcações, segundo a última sondagem de opinião do consumidor da National Australia Bank (NAB, Banco Nacional Australiano), com cerca de 2.000 entrevistados locais.
Cerca de um quarto (24%) abandonou completamente os seus planos, enquanto pouco mais de dois em cada cinco (42%) acabaram por adiá-los.
Quase dois terços acreditam que os pacotes de viagem e férias estão muito caros. Caros demais.

Segundo Tara Hartley, não vale a pena sofrermos de FOMO (Fear Of Missing Out - em português: medo de perder o que todos estão a viver e a experimentar), pois tudo indica que a "maioria de nós, pelo contrário, está a tomar decisões sensatas no que toca aos gastos mais superfúlos”.
“Os australianos estão cautelosos com o seu dinheiro como há muito tempo não estavam. Estão a priorizar os seus gastos com base naquilo que mais valorizam", reforçou ela antes de explicar melhor a sua ideia:
"Como as contas do supermercado e o combustível do carro estão mais caros, os australianos sentem que os planos de férias são mais difíceis de encaixar no seu orçamento. Assim, estão a fazer mudanças mais ponderadas para controlar e priorizar os gastos.”
Cerca de 40% dos australianos reduziram os seus planos de viagem, com alguns a optarem por passar férias em casa, em vez de irem para o estrangeiro, numa tentativa de economizarem dinheiro.
“Tudo indica que também podem estar a trocar o Mediterrâneo por Maroochydore, ou Bali por Burnie”, disse Hartley, referindo-se aos dois subúrbios australianos como alternativas veranis, respectivamente Maroochydore, na Sunshine Coast e Burnie, na Tasmânia .
Quão mais caros estão os voos agora?
As companhias aéreas demoraram a regressar aos serviços normais desde que a pandemia da COVID-19 paralisou, literalmente, os voos internacionais.
O aumento da procura por voos, em conjunto com fatores como sejam a inflação, o aumento dos preços dos combustíveis e a falta de pessoal, fez com que o custo dos bilhetes de avião aumentasse substancialmente.
Os voos de ida e volta da Austrália para destinos no estrangeiro estão mais de 50% acima dos valores pré-pandémicos, segundo os dados divulgados no final de maio pela agência de viagens online Kayak.
O voo internacional económico médio, de ida e volta, entre julho e dezembro de 2023, é agora de $1.827, em comparação com $1.213 em 2019.
O custo médio de um voo doméstico aumentou 10% em relação aos números de 2019, e 15% em relação ao ano passado.
O presidente-executivo da Qantas, Alan Joyce, que se prepara para cessar a sua função na companhia aérea australiana, disse, em junho, que espera que o custo das taxas aéreas “normalize” à medida que o setor vá recuperando a sua capacidade de resposta.
No entanto, Joyce alertou que é improvável que os voos voltem a ser tão baratos quanto eram antes da pandemia.
Mas nem tudo é mau e há, sim, vantagem no aumento dos custos de viagem
Ter que cancelar, adiar ou optar por férias mais modestas não é assim tão mau.
A verdade é que ao repensarem os seu planos de viagem de antigamente, os australianos já estão a economizar, em média, cerca de $392 por mês.
Feitas as contas, em apenas 12 meses, isso resulta numa economia de $4.704.